2004/03/24

 
A paixão de Cristo

Já me tinha despedido, mas não resisti a escrever mais este post a propósito do filme que hoje fui ver.
Como muitas outras pessoas e um pouco sob influência de pessoas que já o tinham visto e mo desaconselharam por estar a passar por uma situação pós-depressiva, pensei um pouco antes de decidir ir vê-lo. Acresce que a impressão que tinha de Mel Gibson não era das melhores.
Mas ainda bem que tomei essa iniciativa, porque o filme me agradou de forma excepcional. A paixão de Cristo é daquelas obras de arte que nos lava a alma e nos deixam colada à pele o papel de Cristo redentor. Numa época em que tanto se fala de terrorismo, é interessante fixar as palavras de Cristo: é preciso amar os inimigos, porque amar os amigos é fácil. Amar os inimigos não é capitular, mas fazê-los compreender que estão errados.
Também não aceito a ideia de que o filme prega o anti-semitismo: Cristo é condenado,flagelado e crucificado pelos poderosos: os fariseus e Pilatos que lava as mãos. É até o judeu Simão de Cirene que ajuda a carregar a cruz, apesar de o ter feito a pedido da sua mulher.
E por falar de mulheres, é a representação das mulheres que mais me impressionou. Sem pieguices, os retratos da mãe de Cristo, de Maria Madalena , de Verónica e até da mulher de Pilatos são a representação da dor contida , do sofrimento humano, da coragem e do amor.

 
Sem blogar

A partir de hoje vou estar sem blogar cerca de 10 dias. A ver vamos se trago notícias frescas do outro lado do Atlântico. As minhas desculpas aos leitores que me lêem.

2004/03/23

 
"Nobel" da Arquitectura para Iraquiana Zaha Hadid

Há dias dei comigo a pensar que havia campos do saber e das artes onde, curiosamente, nunca apareciam nomes de mulheres fortemente representativas e com obra premiada, como era o caso da arquitectura.

Finalmente hoje li no Público que uma mulher arquitecta, nascida no Iraque e a viver e a trabalhar em Londres tinha ganho o Prémio Pritzker, o "Nobel" da arquitectura. Foi a primeira mulher a ser reconhecida com este prémio, anunciado no domingo, atribuído pela Hyatt Foundation e instituído há 26 anos pela família Pritzker (de Chicago) para distinguir a carreira de um arquitecto vivo pelo seu "talento, visão e dedicação".

Segundo a notícia, o Pritzker já foi atribuído ao português Álvaro Siza, ao mexicano Luis Barragan, ao brasileiro Oscar Niemeyer, ao japonês Tadao Ando, ao holandês Rem Koolhaas, aos suíços a Jacques Herzog e Pierre de Meuron, ao australiano Glenn Marcus Murcutt ou ao dinamarquês Jørn Utzon.
E continuo a citar: "É gratificante para nós, como patrocinadores, ver o nosso júri independente distinguir uma mulher pela primeira vez", disse Thomas J. Pritzker, presidente da fundação, no comunicado de imprensa de ontem emitido pela fundação. "
O arquitecto Frank Gehry, membro do júri e prémio Pritzker em 1989, sublinhou que Hadid "é, provavelmente, a laureada mais jovem e tem um dos mais claros percursos arquitectónicos que vimos em anos. Cada projecto é estimulante e inovador".
Entre as obras construídas, estão a estação de bombeiros do complexo industrial da empresa de mobiliário Vitra, na Alemanha (Weil am Rhein), a estação terminal de Estrasburgo, França (que lhe deu o Prémio Mies van der Rohe), e o Centro de Arte Contemporânea Rosenthal, em Cincinnatti, EUA.
Entre os projectos que tem em mãos, está o Museu Guggenheim de Tawain, um edifício da fábrica de carros BMW em Leipzig, Alemanha, um centro de artes em Oklahoma, EUA (Price Towers Arts Centre) e outro em Roma, Itália (Maxxi, Centro Nacional de Arte Contemporânea), um complexo que reúne uma biblioteca, arquivo público e centro desportivo em Montpellier, França, um bairro em Bilbau ou uma praça em Barcelona.
Zaha Hadid começou por estudar matemática em Beirute e mudou-se para Londres, formando-se na britânica Architectural Association (AA). Depois de concluir o curso, em 1977, foi trabalhar com o holandês Rem Koolhaas (autor da Casa da Música, Porto) e Elia Zenghelis no atelier OMA (Office for Metropolitan Architecture) até criar o seu atelier, em 1987.

"Hadid tornou-se conhecida como uma arquitecta que desafia constantemente as fronteiras da arquitectura e do urbanismo. O seu trabalho experimenta novos conceitos espaciais, intensificando paisagens urbanas existentes na busca de uma estética visionária que abrange todos os campos do design, da escala urbana a produtos, interiores, utensílios", escreve a fundação Hyatt.

"Quero que as pessoas se sintam bem num espaço e acredito que esta experiência pode mudar a nossa forma de estar na vida", disse Zaha Hadid, citada no "New York Times" de ontem. "A arquitectura tem um papel educativo a desempenhar", acrescentou. "Como é que queremos viver na cidade? Um edifício pode mudar a nossa forma de pensar."

 
A instabilidade no Médio Oriente

Já afirmei num dos meus posts que a paz no Médio Oriente é fundamental para a paz no mundo.
Fiquei desagradavelmente surpreendida com a acção levada a cabo por Israel, assassinando o chefe espiritual do Hamas e mais uma vez reafirmo que essa atitude não é em nome do combate ao terrorismo; antes vai acicatar o ódio dos radicais palestinianos e uma nova escalada de violência se vai iniciar. Espero que desta vez Bush seja mais severo em relação ao terrorista Sharon.

 
A coragem de Mário Soares

Já se conhecem sobejamente os comentários desfavoráveis, mesmo de elementos do seu partido, à polémica afirmação de que no seu entender se deve negociar com o terrorismo em nome da paz.
Numa entrevista televisiva, Mário Soares não só reafirmou isso, como respondendo aos seus críticos lembrou que muitos dos que consideraram o presidente da Líbia, Kadhafi,um dos mais terroristas, encetaram negociações em nome da estabilidade mundial.
Tiro o chapéu a Mário Soares pela coragem demonstrada, na medida em que muitas vezes me interrogo de que lado está o terrorismo.

 
As eleições europeias

Foi uma boa aposta do BE não só em apresentar António Tabucchi como candidato, como no facto de pôr em lugar elegível mais mulheres do que homens. Essa aposta tem por alvo o voto feminino e isso é saudável para a democracia. A ver vamos se desta vez o BE elege um deputado ou dois nas referidas eleições.

2004/03/22

 
Ainda as eleições regionais francesas

Afinal as minhas previsões quanto ao resultado das eleições não se concretizou.
Os franceses optaram por uma clara sanção ao governo de direita com uma subida da esquerda, cerca de 40,5 por cento dos sufrágios contra 34 por cento da direita e centro direita.
Acontece que no meu post anterior eu me referia a uma situação de há dois anos, ou seja, numa altura em que era ainda o governo socialista que estava no poder.
O descontentamento dos franceses relativamente à política económica faz-me pensar que algo de próximo se estará apassar com os portugueses que, se hoje fossem a votos castigariam igualmente Durão Barroso e a sua ministra Ferreira Leite.

2004/03/21

 
As eleições regionais francesas

Segundo o Público de hoje os franceses temem novo terramoto Le Pen nas eleições regionais de hoje . Isto para castigar o governo de direita, no que diz respeito à precariedade do emprego, dificuldades económicas e crise moral. Para acontecer isto, prevê-se uma abstenção de 40%, o que favoreceria a extrema esquerda e a extrema direita ou seja os opostos.
O que se joga aqui é a eleição dos conselhos regionais que têm por objectivo ocuparem-se de questões concretas do dia a dia nas regiões, como os transportes, as escolas, etc. E vem-me à memória uma aula de civilização francesa num estágio realizado em França há dois anos, onde foi dito que cada vez mais os cidadãos se desinteressavam das eleições regionais, porque os seus problemas só se resolviam com actos concretos de solidariedade e espírito de entre-ajuda, independentemente dos candidatos.
Por isso penso que o quadro actual se manterá semelhante ou seja a direita a controlar 13 regiões, a esquerda 8 e os centristas da UDF, uma.
De realçar que o não alinhamento da França na guerra do Iraque também pode ter a ver com a falta de necessidade de castigar Jean Pierre Raffarin.
Além disso numa sondagem do Le Monde, à pergunta se os massacres de Madrid iriam influenciar as eleições, 70% dos votantes disseram que não.


2004/03/18

 
Ainda o resultado das eleições espanholas

Muita tinta correu e vai continuar a correr pelo inesperado volteface e resultado das eleições. Os espanhóis souberam dar em poucas horas uma resposta à mentira e manipulação dos meios de comunicação social, nomeadamente da TVE. Há quem pense que isso foi obra do medo sentido após os atentados terroristas, mas se assim fosse o que pensar de tantos exemplos de coragem dados noutros momentos da história passada e recente? Concordo plenamente com a análise de Eduardo Lourenço no Público de Terça Feira. Aznar foi castigado em vez de Bush e mesmo o natural antifrancesismo dos espanhóis, não justifica a tomada de posição megalómana de Aznar, ficando ao lado de Bush para se apresentar como potência importante no meio de uma Europa dividida. O alinhamento ao eixo franco-alemão é a única saída para a construção de uma Europa unida no essencial e construtora da Paz no mundo. É urgente sanar os conflitos nomeadamente no Médio Oriente, que é o oposto da guerra "infinita" e "apocalíptica" pensada por Bush e seus conselheiros.

 
"Intimidade Indecente"

Este é o título da peça de teatro que se encontra no Teatro Rivoli do Porto.
Com texto de Leilah Assumpção e interpretação dos actores brasileiros Irene Revach e Marcus Caruso, o teatro é uma festa e uma pérola artística no meio de um mar de mediocridade. A história, aparentemente banal de uma relação que termina aos 50 anos e de 10 em 10 é retomada, revela um humor inteligente onde cada um se revê nas diferentes fases de um relacionamento e não só, porque o texto abre portas para os mais variados temas da existência humana. A interpretação é magnifica pela performance demonstrada sem recurso a maqilhagem ou outros artifícios, valendo apenas o corpo que envelhece aos nossos olhos. Esta peça estará em cena até Domingo e recomendo-a vivamente.

2004/03/14

 
A mentira tem perna curta ou como se perdem umas eleições

No seu post de ontem, no causa nossa, Vital Moreira referia-se à “corrupção moral da democracia” a propósito da ocultação da verdade por parte do candidato do PP a chefe do Governo, Mariano Rajoy sobre os atentados de Madrid, imputando-os à ETA por “convicção moral” dado que isso favorecia eleitoralmente o Governo. E terminava o seu texto de forma pessimista, pressentindo que apesar da reprovável atitude do candidato, este seria dentro de horas o chefe do Governo da Espanha.
Felizmente , sei-o agora que isso não aconteceu e que os espanhóis deram em poucas horas uma resposta sádia, manifestando-se nas urnas contra a mentira e o oportunismo político. Creio que esta mudança irá contribuir para o reforço da democracia europeia. É ainda de realçar que as primeiras palavras de Zapatero foram para o combate ao terrorismo.

2004/03/13

 
Quando a polícia zela pelos cidadãos

Fui hoje testemunha de um episódio que envolveu agentes da polícia, que me apraz registar.
Encontrei por acaso um jovem vestido de pijama e descalço a tocar insistentemente a uma campainha de um prédio. Como estava acompanhado de um homem,segui a minha marcha. No regreso, passada uma meia hora, deparo-me com a mesma cena, com a diferença de que agora o jovem estava sozinho. Resolvi dirigir-lhe a palavra e foi aí que me aperbi que era inglês. o que me levou a rapidamene puxar dos meus parcos conhecimentos da língua inglesa. Soube então que o jovem teria vindo do Hospital, onde lhe deram o pijama e o tinham puramente posto à porta do prédio,onde morava com outros amigos que não ouviam a campainha. Claro que é preciso acrescentar que a sua passagem pelo hospital se ficou a dever a uma noite de copos.
Entretanto chega um carro de polícia com dois agentes, possivelmente alertados pelo homem que eu vira anteriormente, e um deles dirigiu-se ao jovem imediatamente em Inglês. Vi que a minha presença já não se justificava, mas fiquei intrigada.
Por força do acaso, voltei a ver junto à praia o carro dos agentes com o jovem dentro. Um dos agentes estava fora da viatura a vigiar a praia e vai daí resolvi perguntar o que se tinha passado e foi o agente que me disse que procurava a roupa do jovem, pois este tinha aparecido nu na esquadra da polícia às 4 horas da manhã e por isso foi levado ao hospital. Entretanto tinham o jovem com ele até ser possível fazer com que entrasse em casa. Aproveitei para informar que tinha visto a porta do prédio aberta para limpeza e o agente agradeceu e disse que iria então tratar do assunto.
Ainda houve quem disssesse que o jovem tinha fugido do hospital, mas de acordo com a polícia tal não teria acontecido.
Fiquei profundamente chocada com a leviandade dos serviços do hospital e agradavelmente surpreendida com a actuação da polícia.
O que isto prova é que nem sempre aquela imagem do polícia bruto e insensível é verdadeira. Com esta forma de proceder , a polícia ganha credebilidade e nós cidadãos podemos confiar.


2004/03/12

 
O que diz Miguel Sousa Tavares

Li hoje o artigo de Miguel Sousa Tavares na sua habitual coluna do Público e fiquei profundamente decepcionada.
Começo pelo desagrado da graçola com que brinda Ana Drago como a "Vírgula" a propósito da sua participação num programa televisivo; a propósito gostaria de dizer que a vírgula, linguisticamente falando, faz toda a diferença para a compreensão dos discursos.
Não sei até que ponto, subjacente às suas apreciações, não haverá uma ponta de inveja pelas capacidades reveladas por Ana Drago não só nesse programa como nas suas outras intervenções ou então fala mais alto o famigerado machismo camuflado de intelectuais que se dizem modernos.
E vem tudo isto a propósito do artigo de Ana Drago no mesmo jornal de Segunda feira passada.
Ana Drago é antes o exemplo da jovem mulher que reflecte as mudanças que começam a emergir na sociedade portuguesa. E é nessa base que escreve o seu artigo sobre a despenalização do aborto, referindo a propósito o direito da mulher ao seu corpo. Descontextualizar isso é o que faz o articulista, que no entanto diz ser a favor dessa mesma despenalização. E apesar disso, acentua a tónica do direito da criança que vai nascer a ter um pai e uma mãe. E se for precisamente esse o caso; há pais que não assumem esse direito.
Não querendo personalizar, sabe o autor que há filhos que vivem, após o divórcio, preferencialmente com a mãe e será por isso que são menos felizes do que outros com pai e mãe? É por esses motivos que não vejo por que não seja possível a adopção de crianças por casais homossexuais.
O que Ana Drago refere são as muitas situações de atropelo aos direitos da mulher pelo mundo, como a mutilação dos orgãos genitais.
E com toda a certeza que o aborto é para a autora e a maioria das mulheres um facto traumatizante, que só se pratica em casos de extrema necessidade. Então que a lei seja mais conforme, de forma a que as mulheres não sejam criminalizadas e lhes assista o direito de o fazer em condições sanitárias normais.

2004/03/11

 
O "11 de Setembro" da Espanha

Neste momento ainda não se sabe exactamente de quem é a autoria dos atentados que provocaram cerca de duas centenas de mortos e mil e tantos feridos. Há a pista Eta e a pista da AL-QAIDA.
No entanto parece-me que a autoria não será da ETA, que não só costuma avisar as autoridades, como reinvidica de imediato as suas acções. E se for, teremos de nos interrogar sobre o significado desta mudança de atitude e estratégia.
O certo é que foi encontrada uma carta e versículos do Corão. Segundo o diário
"Al Qods al Arabi" com base em Londres, um comunicado atribuído à Al-Qaida
reinvidica os atentados cometidos em Espanha, ainda que não se possa certificar a sua autenticidade.
" O esquadrão da morte das Brigadas Abou Hafs al-Masri conseguiu penetrar no coração dos Cruzados europeus e infligir um doloroso golpe num dos pilares da aliança, a Espanha" afirma o texto assinado pelas Brigadas Abou Hafs al-Masri/Al-Qaida".
Neste momento a prudência manda que esperemos pelas investigações, mas esta violência tem causas que é preciso perceber e lutar para que todos os focos de tensão no mundo sejam resolvidos para benefício e salvaguarda de todos nós.


2004/03/09

 
Dia internacional das mulheres 3

Tendo lido no blogue causa nossa os artigos de Ana Gomes e Maria Manuel Marques, recomendo vivamente a leitura dos mesmos.

 
Dia Internacional da mulher 2

Há muita gente (incluindo muitas mulheres) que, escudando-se no estafado argumento de que não concordam que haja um dia da mulher porque todos os dias deveriam sê-lo, se demite de pensar que há nesse dia uma simbologia que decorre do facto de continuar a haver factos descriminatórios e de atentado aos direitos da mulher para os quais é preciso olhar.
O Presidente da República deu ontem um bom exemplo durante a cerimónia de condecorações de mulheres ao exprimir o que designa por "violência simbólica" e recusar o facto de se encarar o Dia Internacional da Mulher como uma "efeméride obsoleta" e sem sentido. Considerou ainda a Mulher como tema político prioritário e uma causa da sociedade, que deve ser objecto de políticas prioritárias.

2004/03/08

 
Dia internacional das mulheres

Sábado passado fui assistir a uma conferência de um psiquiatra sobre a importância do movimento na cura de problemas de ansiedade, stresse e mesmo depressão. Curiosamente a audiência era maioritariamente constituída por mulheres.
E para minha grande decepção, todas as histórias contadas pelo dito conferencista tinham os homens como protagonistas. Será que afinal as mulheres não são as principais clientes e portanto produtoras de histórias bem interessantes e motivadoras?
No final houve lugar a debate e a maior parte das intervenções visavam as mulheres, quase sempre para as indicar como vítimas dos problemas acima referidos, mas numa perspectiva de as culpar por exemplo por quererem imitar modelos de corpo veiculados pelos mass media. É eu pergunto: quem os manipula?
Fica-me a sensação de que ainda há muito a fazer no sentido de criar maior justiça e igualdade de oportunidades.

2004/03/07

 
Correspondência Amorosa
Apeteceu-me reler o livro onde Rilke se corresponde com Andreas-Salomé e dele transcrevo os seguintes versos:


É com uma doce benção que a tua carta me acolhe
Eu sabia que a distância não podia matar o nosso amor.
De entre tudo o que é belo, tu vens ao meu encontro,
Tu, minha brisa de Primavera, minha chuva de Verão,
Tu, minha noite de Junho que me leva através de mil caminhos
Que nunca ninguém ainda havia pisado:
Eu estou em ti.

Tira-me a luz dos olhos:continuarei a ver-te
Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te
E embora sem pés caminharei para ti
E já sem boca poderei ainda convocar-te.
Arranca-me os braços: continuarei abraçando-te
Com o meu coração como com a mão
Arranca-me o coração: ficará o cérebro
E se o cérebro me incendiares também por fim
Hei-de então levar-te no meu sangue.

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