2004/05/26

 
guerra dos sexos

Este é o nome de um dos passatempos das manhâs da RFM.Ouço-o regularmente e dele entendo o seguinte: não pretendendo testar a cultura geral dos portugueses, os seus autores elaboram um teste de pergunta/resposta que verifica tão só conhecimentos muito gerais que ora se situam na área do saber feminino, ora da área do saber masculino. Exemplifico: para as mulheres vão perguntas sobre futebol ou automóveis e para os homens perguntas sobre cosmética ou culinária.Acho interessante este passatempo porque põe em evidência os esteriotipos da nossa sociedade, tendo em conta a divião entre homens e mulheres no que se referen às perguntas. Não pretendendo ser mais do que uma brincadeira,isto acaba por ser muito pedagógico. É preciso desmitificar os esteriotipos para que a comunicação entre sexos seja mais salutar. E agora também a brincar, são as mulheres que mais vezes respondem certo às ditas perguntas.

2004/05/25

 
monarquia versus república

No passado Domingo, no programa televisivo Herman Sic, ouvi a um fadista e a um filho de fadista, ambos convidados do humorista, que a monarquia seria o melhor sistema político para Portugal. Como principal argumento, acenaram com a exuberância dos países europeus onde existem casa reais. Ora bolas, toda a gente sabe que a diferença não está nisso, mas sim na diferença entre países do Norte e países do Sul. Naqueles a economia é mais forte e as instituições democráticas são mais pujantes. Além disso os gastos com cerimónias, como o casamente de Filipe de Espanha, dão que pensar...

2004/05/16

 
Sophia de Mello Breyner Andresen

Não me perguntem porquê, mas apetece-me fazer minhas as palavras de Sophia:

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

 
Os erros de Lula

O presidente do Brasil anulou a medida de supressão do visto do jornalista do New York Times, que publicou uma história insinuando que o Presidente Lula abusava de bebidas alcoólicas. Esta medida veio pôr fim às notícias que davam do governo brasileiro uma má imagem, no que diz respeito à liberdade de imprensa.
Não sei até que ponto haveria veracidade na história do jornalista do “NYT”, mas nas democracias é um risco que se tem de correr. O certo é que este pequenino incidente deveria ter sido relevado pelo Presidente Lula, pois este não põe em causa a gigantesca obra daquele que quer diminuir a pobreza no seu país, ao mesmo tempo que tenta captar simpatias na cena internacional.

2004/05/10

 
O mistério da educação
É este o título do artigo de opinião de ontem no jornal Público de António Barreto
Curiosamente o autor delira durante a maior parte do texto e só no fim afirma que não tem,evidentemente,a chave para tais mistérios ( o caos está instalado no sector e veio para ficar). Sem no entanto apontar soluções, reafirma alguns dos males que é preciso combater "demagogia fácil","propaganda política" "excesso de dinheiro gasto sem critério". "correntes pedagógicas que pretendem fazer do ensino uma festa de prazer e preguiça", a "condenação da disciplina" e a "convicção de que a educação cria a igualdade e a mobilidade sociais" e termina o seu artigo com um chavão:"Mas gostava que me demonstrassem que estão erradas (as suas teses)". Erradas podem não estar, mas certas é que não estão.
Por muitos erros que se tenham cometido e por muitas falhas que se encontrem no sistema educativo,o ensino em Portugal está de boa saúde e os seus principais agentes, os professores, fazem os possíveis e os impossíveis para levar a bom porto a sua missão. Alguns deles, como eu, pertenceram a uma geração em que a escola não era para todos mas apenas para uma elite. É evidente que há sinais preocupantes, como o do abandono escolar, mas na base desse flagelo está uma ideia economicista da educação ( não acredito como afirma António Barreto que se gaste muito com a educação). E mais, o que fez o autor do artigo pela educação, quando teve oportunidade política?

 
Escândalo no Iraque

Não é possível passar em claro o comportamento reprovável de soldados norte-americanos e ingleses. Os media mostraram imagens chocantes das sevícias a que os prisioneiros foram sujeitos e de imediato os responsáveis máximos vieram pedir desculpa e apressaram-se a dizer que os autores dessas atrocidades seriam exemplarmente punidos. Mas quem são de facto os autores morais destas atrocidades e atropelo de todas as Convenções, como a de Genebra?
Uma das soldados norte-americanas já acusadas no escândalo de abusos sobre prisioneiros no Iraque, Sabrina Harman, disse ao jornal "The Washington Post" (WP) que a sua missão era "quebrar" os detidos antes destes serem interrogados, a mando dos serviços secretos americanos.
Lamentavelmente e independentemente dos verdadeiros culpados, vejo que uma mulher se comporta como os homens quando integra uma instituição predominantemente masculina como são as forças armadas. É urgente que as mulheres se posicionem de maneira diferente e ajudem a tornar as instituições mais credíveis.

2004/05/09

 
Kill Bill, vol.2

Quentin Tarantino já nos habituou a filmes de culto e agora com Kill Bill, vol.2 voltamos a maravilhar-nos com a saga de Beatrix Kiddo. Esta é magnificamente interpretada pela actriz fetich do realizador- Uma Thurman. E é de mulheres e da sua força que se fala neste filme. Se é certo que o autor recria os filmes de artes marciais, é também verdade que cabe às mulheres representar o papel principal, o que já por si é uma novidade.
Por outro lado é interessante a desconstrução dos mitos e das histórias de encantar, como a Bela e o Monstro e a Bela Adormecida.

 
A lucidez de Saramago

Volto de novo a reflectir sobre o último livro de Saramago, pois agora já o li até ao fim.
É Saramago no seu melhor. Com uma lucidez que faz inveja ao comum dos mortais, o autor faz o retrato de um país, de uma democracia,de um povo que, não pretendendo ser identificados, são na minha perspectiva o nosso país, a nossa democracia e o nosso povo. Com uma fina ironia, apresenta as instituições políticas que nos representam. Posso, a título de exemplo, transcrever o seguinte excerto do romance "Ensaio sobre a Lucidez": "O telefone tocou no escritório do primeiro- ministro, podia ser o ministro da defesa, ou o do interior, ou o presidente. Era o presidente, Que se passa, por que não fui eu informado em devido tempo da barafunda que está armada nas saídas da capital, perguntou, Senhor presidente, o governo tem a situação controlada, em pouco tempo o problema estará resolvido, Sim, mas eu deveria ter sido informado, deve-se-me essa atenção, Considerei, e assumo pessoalmente a responsabilidade da decisão, que não havia motivo para ir interromper o seu sono, de todo o modo propunha-me telefonar-lhe dentro de vinte minutos, meia hora, repito, assumo toda a responsabilidade, senhor presidente,Bom, bom, agradeço-lhe a intenção, mas, se não se desse o caso de a minha mulher ter o saudável costume de se levantar cedo, o chefe do estado ainda estaria a dormir enquanto o país arde, ...." E até a alusão ao escândalo, fruto da cegueira, do ministro da cultura, de há quatro anos nesta obra (vd. Ensaio sobre a Cegueira do mesmo autor) , me fez pensar no secretário de estado da cultura, Sousa Lara, no governo liderado por Cavaco Silva, que num ímpeto de insensatez, retirou Saramago da candidatura a nobel da Literatura. E por falar no ex primeiro-ministro, é interessante a referência na página 192 do livro publicado pela Caminho - "Tem razão uma vez mais, senhor presidente, Não direi como o outro, que nunca me engano e raramente tenho dúvidas ...."
Bem haja, Saramago.

2004/05/03

 
A violência doméstica

Foi há dias notícia a intenção do novo governo espanhol liderado por Zapattero de apresentar muito brevemente legislação mais eficaz no combate à violência doméstica, que provoca 3 mortes por dia em Espanha, e ajudar as mulheres vítimas de maus tratos, nomeadamente aquelas que não usufruem de salário. As organizações feministas não estão totalmente de acordo pois, apesar das alterações no sentido de punir os agressores, acham que só quando se afastar imediatamente o agressor se previne o crime.
Seria desejável que estes ventos de Espanha chegassem a Portugal, onde ainda há tanto a fazer nesta matéria.

2004/05/02

 
José Mário Branco no Coliseu do Porto

O mote principal do concerto de José Mário Branco foi o Resistir É Vencer, título do seu mais recente album de canções. Com este título pretende o autor homenagear o povo de Timor- Leste durante a sua resistência de 25 anos ao exército indonésio.
Foi um concerto memorável, que o público presente aplaudiu fortemente. No seu melhor, o cantor apresentou as canções do seu novo CD e permitiu ainda a possibilidade de ouvir Sérgio Godinho e Júlio Pereira que também acompanham o autor em canções desse album. Para além destas participações, foi muito agradável ouvir o coro "Banda dos Gambuzinos "( rapazes e raparigas de uma escola do Porto dos 5 aos 12 anos de idade) que colaborararam com o José Mário Branco num elenco de canções já sobejamente conhecidas, como "A canção é uma Arma".
Do seu novo Cd, destaco a canção "tenho dó das estrelas" poema de Fernando Pessoa e música de José Mário Branco.

Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo
Há tanto tempo...
Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?

Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir...

Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
(Uma) outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

2004/05/01

 
ZOOM!

Este é o título de uma exposição na Culturgest em Lisboa que tive a oportunidade de ver há dias. Dada a nossa proximidade com essa cultura no passado, achei oportuno dar notícia da mesma.
Trata-se de uma mostra de arte na Índia contemporânea. Nela podemos ver por exemplo o "Public Notice" de Jitish Kallat: espelhos de acrílico destorcidos oferecem-nos, queimado, o texto do famoso discurso de Nheru (Encontro com o destino), proferido na véspera da independência da Índia na noite de 14 para 15 de Agosto de 1947. Também Atul Dodiya recriou O Rinoceronte de Durer(1515) que o rei D. Manuel enviou ao Papa Leão X ,mas que se afogou antes de chegar ao destino.
De salientar ainda os textos poéticos inseridos, dos quais tomo como exemplo o seguinte:" Caro senhor Walter... ouvi dizer que há um vírus "I love you" que está a estragar todos os computadores. Espero que o seu computador esteja a salvo. Será este vìrus como um cancro que faz desaparecer todas as cartas? A Iayanita diz que gravou as minhas cartas num disco, ou algo assim, portanto estamos a salvo. Agora dizem que há um vírus novo. Mas o amor também é um vírus- dá-nos vida, mas também nos dá uma lenta agonia. Dá-nos todas as alegrias do mundo, mas depois também nos dá tristeza. No entanto o que seria do mundo sem amor?
Quando estive apaixonada e visitei o Paquistão, vi comida deliciosa, mas não comi nada, pois pensei que voltava e provava essa comida com o homem que amava. Isto é o amor do Hindustão. Mas, também ele me traiu.
Bem haja
Eu própria
Mona Ahmed"

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