2004/03/23

 
"Nobel" da Arquitectura para Iraquiana Zaha Hadid

Há dias dei comigo a pensar que havia campos do saber e das artes onde, curiosamente, nunca apareciam nomes de mulheres fortemente representativas e com obra premiada, como era o caso da arquitectura.

Finalmente hoje li no Público que uma mulher arquitecta, nascida no Iraque e a viver e a trabalhar em Londres tinha ganho o Prémio Pritzker, o "Nobel" da arquitectura. Foi a primeira mulher a ser reconhecida com este prémio, anunciado no domingo, atribuído pela Hyatt Foundation e instituído há 26 anos pela família Pritzker (de Chicago) para distinguir a carreira de um arquitecto vivo pelo seu "talento, visão e dedicação".

Segundo a notícia, o Pritzker já foi atribuído ao português Álvaro Siza, ao mexicano Luis Barragan, ao brasileiro Oscar Niemeyer, ao japonês Tadao Ando, ao holandês Rem Koolhaas, aos suíços a Jacques Herzog e Pierre de Meuron, ao australiano Glenn Marcus Murcutt ou ao dinamarquês Jørn Utzon.
E continuo a citar: "É gratificante para nós, como patrocinadores, ver o nosso júri independente distinguir uma mulher pela primeira vez", disse Thomas J. Pritzker, presidente da fundação, no comunicado de imprensa de ontem emitido pela fundação. "
O arquitecto Frank Gehry, membro do júri e prémio Pritzker em 1989, sublinhou que Hadid "é, provavelmente, a laureada mais jovem e tem um dos mais claros percursos arquitectónicos que vimos em anos. Cada projecto é estimulante e inovador".
Entre as obras construídas, estão a estação de bombeiros do complexo industrial da empresa de mobiliário Vitra, na Alemanha (Weil am Rhein), a estação terminal de Estrasburgo, França (que lhe deu o Prémio Mies van der Rohe), e o Centro de Arte Contemporânea Rosenthal, em Cincinnatti, EUA.
Entre os projectos que tem em mãos, está o Museu Guggenheim de Tawain, um edifício da fábrica de carros BMW em Leipzig, Alemanha, um centro de artes em Oklahoma, EUA (Price Towers Arts Centre) e outro em Roma, Itália (Maxxi, Centro Nacional de Arte Contemporânea), um complexo que reúne uma biblioteca, arquivo público e centro desportivo em Montpellier, França, um bairro em Bilbau ou uma praça em Barcelona.
Zaha Hadid começou por estudar matemática em Beirute e mudou-se para Londres, formando-se na britânica Architectural Association (AA). Depois de concluir o curso, em 1977, foi trabalhar com o holandês Rem Koolhaas (autor da Casa da Música, Porto) e Elia Zenghelis no atelier OMA (Office for Metropolitan Architecture) até criar o seu atelier, em 1987.

"Hadid tornou-se conhecida como uma arquitecta que desafia constantemente as fronteiras da arquitectura e do urbanismo. O seu trabalho experimenta novos conceitos espaciais, intensificando paisagens urbanas existentes na busca de uma estética visionária que abrange todos os campos do design, da escala urbana a produtos, interiores, utensílios", escreve a fundação Hyatt.

"Quero que as pessoas se sintam bem num espaço e acredito que esta experiência pode mudar a nossa forma de estar na vida", disse Zaha Hadid, citada no "New York Times" de ontem. "A arquitectura tem um papel educativo a desempenhar", acrescentou. "Como é que queremos viver na cidade? Um edifício pode mudar a nossa forma de pensar."

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